O que é o Worldcoin e por que está gerando tanta discussão?
Nos últimos meses, o Worldcoin, um projeto liderado por Sam Altman (CEO da OpenAI), tem chamado a atenção ao redor do mundo e, agora, chega ao Brasil. Mas o que é exatamente esse projeto? E por que ele tem causado tanto debate?
O que é o Worldcoin?
O Worldcoin é um projeto que usa tecnologia para identificar pessoas por meio da leitura da íris, criando uma identidade digital única. Em troca, quem se cadastra recebe tokens de criptomoeda como recompensa. A ideia é criar um sistema global de identificação que ajude a promover inclusão financeira e digital, além de ser usado, no futuro, para distribuir uma renda básica universal.

O principal objetivo é ajudar a diferenciar pessoas de inteligências artificiais em um mundo cada vez mais conectado. O projeto também busca oferecer uma base para distribuir renda básica universal em escala global.
Como funciona o Worldcoin?
O processo é simples: você registra sua íris em um dispositivo chamado “Orb”. Esse aparelho escaneia a íris e cria um código único baseado nela, que é convertido em um número. Como incentivo, você recebe tokens de criptomoeda, chamados WLD tokens.

A tecnologia utilizada é baseada no blockchain da Ethereum e usa um sistema chamado “World ID” para verificar a identidade das pessoas.
Quais são os riscos e preocupações?
Embora a proposta pareça interessante, há várias preocupações:
- Segurança dos dados: Os registros da íris são únicos e não podem ser alterados se forem roubados ou usados de forma indevida.
- Centralização: Apesar de ser anunciado como descentralizado, o projeto depende de uma única organização para controlar os dispositivos e o cadastro das pessoas.
- Oscilação do valor do token: O WLD é uma criptomoeda e, como tal, pode ter altas variações de valor, o que gera riscos financeiros.
- Exploração de vulneráveis: Em países mais pobres, pessoas podem se sentir obrigadas a aceitar a proposta por necessidades financeiras. No Quênia, por exemplo, as operações foram suspensas por preocupações com segurança e legalidade na coleta de dados. Em agosto de 2023, autoridades quenianas interromperam temporariamente as atividades do Worldcoin devido à falta de transparência sobre o uso de dados e questões relacionadas à segurança da população local.
- Monitoramento e controle: Há o medo de que as informações biométricas sejam usadas para monitorar ou controlar pessoas de forma inadequada.
Dados e estatísticas relevantes
Em todo planeta, 9,37 milhões de usuários já concluíram a verificação, enquanto 20,3 milhões fizeram o download do app em mais de 160 países. Até o momento já foram distribuídos quase 395 milhões de tokens. Esses números mostram a rapidez com que a iniciativa tem crescido, mas também levantam preocupações sobre a segurança e o impacto ético dessa expansão.
Os desafios no Brasil e no mundo
O projeto enfrenta dificuldades em cumprir as leis de proteção de dados e as regulamentações de criptomoedas em diferentes países. No Brasil, a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados) exige transparência e segurança no uso de dados pessoais. Além disso, há preocupação com o impacto social, especialmente em regiões de maior vulnerabilidade econômica, onde a população pode ser influenciada pelas recompensas financeiras do projeto.
Reflexão final
Esse projeto levanta debates importantes sobre o futuro da identidade digital, a privacidade das pessoas e maneiras de reduzir desigualdades. Enquanto alguns acreditam que ele pode ajudar a combater a pobreza, outros temem que seja mais uma forma de monitorar e explorar pessoas.
Atualmente, o Worldcoin continua se expandindo, mas enfrenta críticas e questionamentos em várias partes do mundo. O futuro do projeto depende de como ele irá lidar com as preocupações de privacidade, garantir a segurança dos dados e oferecer benefícios reais para quem participa.
É fundamental compreender os riscos de compartilhar seus dados biométricos, reconhecer que as criptomoedas são instáveis e podem apresentar altos riscos, verificar as leis brasileiras sobre proteção de dados e criptomoedas e refletir sobre as possíveis consequências de longo prazo ao divulgar informações tão pessoais.
Para mais informações, visite o site oficial: https://worldcoin.org.